3.1 Distribuição dos egressos da educação superior e as ocupações

Para a análise da relação entre a formação e o perfil ocupacional foi tomado como referência não as áreas de gerais de formação definidas pela OCDE, mas um conjunto mais específico de cursos e famílias de cursos que, como apresentado na seção 1.6, respondem pela formação de praticamente 90% dos diplomados da educação superior brasileira, entre 2010 e 2017.

Para identificar o perfil ocupacional típico de cada curso ou família de curso, foi utilizada a ocupação informada na RAIS, segundo os grandes grupos da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). No caso de mais de um vínculo empregatício, aquele de maior remuneração foi considerado para essa análise.

No total, 28,2% dos diplomados de nível superior no período de 2010 a 2017 estão empregados como Profissionais das ciências e das artes. Essa proporção chega ao ponto mais alto entre os egressos de cursos de Medicina, onde 88,8% estão colocados em posições dentro dessa família de ocupações. Essa proporção também é alta para os egressos da família de cursos de Farmácia (74,2%), dos cursos Odontologia (69,9%), Fisioterapia (58,7%), Enfermagem (57,4%), Educação física (53,6%), Nutrição (53,3%), Psicologia (48,2%), Jornalismo (43,6%), Veterinária (42,8%) e entre egressos de cursos da família da área de Computação, tecnologia da informação e afins (39,8%).

Por outro lado, a proporção de empregados como Profissionais das ciências e das artes é significativamente baixa entre diplomados em cursos de Administração pública (6,7%), cursos de Gestão (10,5%), Empreendedorismo (8,4%) e na família de cursos de Administração (14,9%). Entre os egressos dos demais cursos a proporção de pessoas empregadas em ocupações dessa natureza não é significativamente diferente da proporção encontrada para a população.

Outro grande grupo ocupacional com uma alta proporção dos egressos da educação superior é Trabalhadores de serviços administrativos. No total, 27,5% desses egressos estão ocupados em funções dessa natureza. Como seria de se esperar, essa ocupação está significativamente associada aos perfis de competência desenvolvidos em cursos de Ciências contábeis (51,9%), Administração (46,4%), Cursos da área de Gestão (45,5%), Economia (37,8%), Administração pública (37,4%) e Empreendedorismo (37,2%). Por outro lado, a proporção de empregados nesse grupo é significativamente mais baixa do que a média entre os egressos dos cursos de Medicina (2%), Enfermagem (8,3%), Educação física (10,4%), Veterinária (11,8%), Pedagogia (13,0%), Engenharias (13,7%), cursos da família de Computação e tecnologia da informação (15,3%), Agronomia (15,5%), cursos da família de Formação de professores (17,5%) e cursos da família de Áreas científicas (18,6%). Mais uma vez, entre os diplomados oriundos dos demais cursos a proporção de profissionais empregados em serviços administrativos não é significativamente diferente do observado para o total da população.

Curiosamente, o terceiro grande grupo onde atua uma proporção expressiva de egressos da educação superior é técnicos de nível médio, classificadas pelo empregador como ocupações de nível médio. No total, 19,6% dos egressos estão empregados em ocupações desse tipo. Essa proporção é significativamente maior entre os egressos do curso de Pedagogia (34,0%), profissionais formados em cursos da família de Áreas científicas (28,4%), Engenharias (27,2%) e cursos da família de Computação e tecnologia da informação (27,8%). Da mesma forma, a proporção de egressos empregados em ocupações desse grupo é significativamente menor para os egressos de cursos de Medicina (menos de 1%), Odontologia (6,8%), Ciências contábeis (6,9%), Jornalismo (8,8%), Psicologia (10,3%) e Administração (12,8%). Uma possível explicação, pelo menos para parte desses profissionais, é que, se estiverem atuando no segmento público, a mobilidade é baixa entre as carreiras de nível médio e de nível superior. Essa mudança depende de abertura de vaga e de concurso, além de eventualmente ser financeiramente desvantajosas após muitos anos de serviço.

Esses três grandes grupos de ocupação respondem, no total, por 76,8% de todas as ocupações dos empregos formais dos egressos. Entretanto, cabe notar uma participação significativa dos egressos dos cursos de Publicidade e propaganda (20,3%), Empreendedorismo (13,6%) e Economia (14,0%) na composição do grupo que reúne dirigentes da administração pública e de empresas. Para a população como um todo, esse grande grupo participa com 8,5%.

Distribuição percentual dos diplomados da educação superior entre 2010 a 2017, com emprego formal em 2017, por grande grupo ocupacional da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) e por cursos e famílias de cursos
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